Incidência da doença foi constatada ainda na metade de novembro.
Lavouras estão se desenvolvendo bem, mas monitoramento e aplicações de agrotóxicos precisam ser bem planejados.
Nesta safra, mais uma vez, a soja será a protagonista das lavouras no Sudoeste paranaense. Com uma área cerca de 6% maior que na safra anterior, os produtores destinaram pouco mais de 270 mil hectares para o cultivo do grão. As estimativas iniciais do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria do Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) apontam produção de 947 mil toneladas do grão na somatória dos 27 municípios da regional de Francisco Beltrão.
Apesar do excesso de chuvas, o clima tem sido positivo para o desenvolvimento das lavouras. Contudo, o que preocupa produtores e profissionais é a incidência do fungo causador da ferrugem asiática, que neste ano apareceu ainda mais cedo que na safra anterior. “Percebemos o aparecimento dos esporos cerca de 15 a 20 dias mais cedo que no ano passado. O tempo chuvoso dificulta a aplicação dos agrotóxicos, fica difícil entrar na lavoura com as máquinas porque o solo fica muito molhado, e se chover depois da aplicação acaba não sendo eficiente”, afirma o engenheiro agrônomo Ricardo Kaspreski, do Deral/Seab.
Na safra anterior, a ferrugem atingiu várias lavouras na região e provocou perdas expressivas. Porém, o preço da saca em dólar estava em alta. Assim, muitos produtores não lamentaram tanto a quebra. Desta vez, muitos produtores apostaram nas variedades precoces e realizaram o plantio também mais cedo – na metade de setembro. Esta situação pode gerar um risco ainda maior no momento da colheita. “Temos de 30% a 40% das cultivares que são precoces. Colhendo mais cedo, dependendo das condições climáticas, pode acontecer um ataque mais severo da ferrugem nas demais lavouras, que serão colhidas mais tarde”, alerta Ricardo.
Manejo preventivo
A equipe técnica da Coasul – Cooperativa Agroindustrial – acredita que a região de abrangência do entreposto de Renascença teve quase 30% de perdas nas lavouras de soja da safra passada em função da ferrugem asiática. De acordo com o engenheiro agrônomo Adriano Bressiani Machado, a estratégica foi antecipar as aplicações de agrotóxicos e monitorar com mais atenção as áreas. “Com as chuvas acima da média e as temperaturas bastante elevadas, o cenário é um prato cheio para a doença. Com a experiência que tivemos no ano passado, estamos reduzindo o intervalo de aplicações e utilizando produtos mais eficientes, ou seja, um manejo preventivo e mais bem feito”, afirma.
Só a unidade da Coasul de Renascença estima receber mais de 300 mil sacas de soja nesta safra. A previsão inicial era de 350 mil sacas, mas a equipe já contabiliza uma quebra por causa da ferrugem e do excesso de chuvas. “O clima é propício para pragas e doenças, e a falta de luminosidade também compromete um pouco. Mesmo assim, esperamos um alto potencial produtivo e devemos perder menos que no ano passado, pois como já sabíamos do risco, o acompanhamento por parte dos técnicos está sendo muito mais eficiente”, ressalta Adriano.
O agrônomo Ricardo Kaspreski aponta ainda outra dificuldade que a soja enfrenta com os elevamos volumes de chuva. “Com este clima, a planta desenvolve bem mais a parte aérea do que a raiz, e se der muito sol, ela vai sentir mais. Contudo, com tanta chuva, a incidência da lagarta é menor. A soja se recupera bem, e ainda faltam pelo menos uns 40 dias para as primeiras colheitas da região, então é difícil prever se haverão perdas significativas ou não, tudo depende do clima daqui pra frente”, diz.
Sobre a ferrugem
A ferrugem asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie. Considerada uma das doenças de maior importância da cultura da soja na atualidade, pelo grande potencial de perdas na produtividade. Os sintomas causados pela ferrugem asiática iniciam-se nas folhas inferiores da planta e são caracterizados por minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio da folha, com coloração esverdeada a cinza esverdeada.
Jornal de Beltrão