Publicado em 15 mar 2016 • por Iza Olmos Rodrigues de Lima •
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu à Embrapa patente de tecnologia que vai ajudar rizicultores brasileiros a se livrar de uma das piores pragas da cultura: o percevejo-do-colmo do arroz (Tibraca limbativentris). O método se baseia em substâncias produzidas pelos próprios insetos, que são usadas para a comunicação entre eles, os semioquímicos, dispensando o uso de defensivos químicos.
A carta patente intitulada “Composições e métodos para atração e extermínio de percevejos do gênero Tibraca” (PI 0604617-7) é de autoria dos pesquisadores Miguel Borges, Maria Carolina Blassioli Moraes, Raul Alberto Laumann, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e José Alexandre Freitas Barrigossi, da Embrapa Arroz e Feijão, (GO). Trata-se do resultado de um trabalho de mais de 15 anos e que agora depende de parceria com empresa privada para a sua produção em escala e comercialização.
A tecnologia se baseia na utilização de feromônios para monitorar e controlar os percevejos nas lavouras brasileiras. Trata-se de um método seguro, com grande potencial de utilização em programas de manejo integrado de pragas (MIP) porque pode reduzir significativamente e, até mesmo, eliminar a utilização de defensivos químicos nas lavouras. Além de ineficientes para controlar os percevejos, esses agrotóxicos causam resistência nos insetos, são nocivos a quem os aplica, eliminam insetos benéficos como as abelhas e, no caso do arroz irrigado, pode contaminar a água de rios e mananciais.
De posse desse conhecimento, a equipe liderada pelo pesquisador Miguel Borges começou a extrair feromônios em laboratório para depois colocá-los em armadilhas a serem distribuídas nas lavouras. “No caso dos percevejos, trabalhamos principalmente, com os feromônios sexuais produzidos pelos machos”, conta o cientista.
Após a identificação, o feromônio natural produzido pelo inseto é sintetizado em laboratório e formulado em liberadores que mimetizam o processo que ocorre na natureza. Eles são então colocados em armadilhas no campo para a captura e monitoramento das fêmeas.
As armadilhas com os feromônios são distribuídas nas lavouras com o objetivo de enganar os insetos. Ao identificarem o cheiro dos machos, as fêmeas são atraídas e capturadas na armadilha. O intuito final é monitorar e controlar as populações dos percevejos-praga e, consequentemente, reduzir os danos às plantações.
Inseto provoca até 80% de perdas
O percevejo-do-colmo é uma das mais importantes pragas de arroz no Brasil. O inseto suga a seiva nos colmos (caules) das plantas de arroz, diminuindo a produção de grãos e causando perdas na produção de até 80%. Ocorre na maioria das regiões produtoras de arroz do Brasil e é nocivo aos dois sistemas de cultivo do cereal: irrigado (terras baixas) e de sequeiro (terras altas).
Essa já é a segunda patente recebida pela Embrapa relacionada a tecnologias com semioquímicos para controle de insetos. A primeira, de 2013, foi voltada ao complexo de percevejos da soja e seu sucesso despertou o interesse de uma empresa privada, que a partir de um acordo de cooperação técnica assinado com a Embrapa, está desenvolvendo e produzindo armadilhas em larga escala. Em breve, elas estarão no mercado à disposição dos produtores de soja. “Agora, esperamos repetir o mesmo sucesso com o percevejo-do-colmo. Para isso, estamos em busca de parceiros para testar a tecnologia em larga escala”, anuncia Borges.
Os testes em pequena escala já foram realizados com sucesso na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS [www.ufrgs.br]) pelos pesquisadores Josué Santana e Eduardo Hickel da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri-SC [http://www.epagri.sc.gov.br/]). “Os resultados foram bons, mas ainda não podemos divulgá-los porque serão tema de artigo científico, que já está em fase final de elaboração”, comenta o pesquisador.
A demanda por uma solução para o percevejo-do-colmo veio dos próprios produtores de arroz dos estados de Goiás, Tocantins e Rio Grande do Sul, a partir de solicitações feitas aos pesquisadores José Alexandre Barrigossi, da Embrapa Arroz e Feijão, e José Martins, da Embrapa Clima Temperado (RS).
Segundo Borges, a participação de Barrigossi, que é um dos inventores da tecnologia, foi determinante para os estudos, já que ele proveu a equipe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia de percevejos-do-colmo para que pudessem estudar seu comportamento, realizar ensaios em laboratório e testes de campo.
Para parcerias
Empresas interessadas no licenciamento dessa tecnologia podem procurar a equipe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia pelo e-mail: cenargen.sipt@embrapa.br
Fernanda Diniz (MTb 4685/89/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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