Campo Grande (MS) – A preocupação dos Governos com relação à disseminação de pragas nas lavouras do País está em evidência. Enquanto o Governo Federal, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) elabora lista com as doenças de maior risco fitossanitário, para estabelecer prioridade nos registros dos produtos produzidos para controle, o Governo do Estado promove, através da Secretaria de Produção e Agricultura Familiar, uma ampla discussão com os mais renomados especialistas da área, no Brasil, num simpósio, no próximo mês.
Enquanto a dinâmica da agricultura e a pressão das pragas foram fatores determinantes para que o governo revisasse suas prioridades, a fim de disponibilizar produtos mais adequados às reais necessidades do agricultor, no Estado, a preocupação com possíveis prejuízos a economia – que tem na sua base a agricultura – fizeram com que o tema fosse colocado em pauta e entre outros importantes profissionais, a Doutora Regina Lúcia Sugayama, fosse uma das convidadas para contribuir com o conteúdo programático do simpósio.
Na oportunidade a Bióloga, com mestrado em Genética e doutorado em Ciências pela USP, Regina Lúcia Sugayama – que é Diretora da Agropec Pesquisa, Extensão e Consultoria – explicará sobre cada praga e como elas surgem, apresentará o histórico dos eventos de introdução de pragas no País e pontuará os fatores que aumentam a probabilidade de entrada delas no Brasil.
“É importante que Mato Grosso do Sul discuta o tema por que a economia do Estado é fortemente dependente do agronegócio (ou seja, há um importante patrimônio a ser preservado) e ainda por que o Estado tem duas fronteiras internacionais, através das quais o trânsito de pessoas e mercadorias tem se intensificado”. Observou a Doutora.
O 1º Simpósio de Fitossanidade, organizado pela Sepaf junto com suas vinculadas, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER), que tem como tema principal “A defesa fitossanitária em Mato Grosso do Sul – situação atual e perspectivas” será realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande (MS), nos dias 23 e 24 de setembro, tendo como parceiros: Fundect, Ampasul, Aprosoja, CREA/MS, Reflore/MS, Coopsema, Cooperoeste-SGO e ABRAPA.
A inscrição pode ser realizada gratuitamente através do link:
8 pragas listadas pelo MAPA
Ferrugem da Soja (Phakopsora pachyrhizie)
É uma doença da soja causada por um fungo que se dissemina pelo ar e que possui grande potencial de dano. Entre as medidas de controle para a praga, estão as aplicações de fungicidas nas lavouras, que têm grande impacto no custo de produção. Além disso, ações de vazio sanitário também vêm sendo implementadas nos estados, a fim de combater a praga. A opção por defensivos sempre precisa ser revista, visando o manejo da resistência do fungo.
Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum)
O mofo branco é uma doença com poucos produtos fitossanitários disponíveis, o que torna o seu manejo complexo. A principal forma de controle é com a integração de estratégias como a rotação de culturas e variedades tolerantes, além de produtos químicos e biológicos. É uma praga relacionada às condições ambientais.
Helicoverpa armigera e Broca do Café (Hypothenemus hampei)
São pragas para as quais foram declarados estado de emergência fitossanitária nos últimos anos. Por isso, é necessário um processo de prioridade para oferecer alternativas regulares e produtos para dar sustentação ao controle dentro dos princípios do manejo integrado de pragas.
Mosca Branca (Bemisia tabaci)
É uma praga polífaga (que ataca várias culturas) e de difícil controle. Os produtos registrados disponíveis precisam da alternância de mecanismos de ação para evitar a resistência genética.
Nematoides (Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, Heterodera glycines e Pratylenchus brachyurus) e Ervas daninhas resistentes (Conyza bonariensis e Digitaria insularis)
São pragas consideradas pelas principais sociedades cientificas nacionais como de importância econômica para a agricultura. Para um controle eficiente, é necessária uma busca por alternativas mais modernas e menos tóxicas. Além disso, é fundamental a adoção de medidas que visem a reduzir a resistência genética causada pelo uso repetido dos mesmos mecanismos de ação.
Bicudo do algodoeiro (Antonomus grandis)
É a praga mais importante e limitante para a cultura do algodoeiro no Brasil. O governo conta com políticas específicas e programas de controle da praga. Esta política carece, no entanto, de mais alternativas de produtos fitossanitários para assegurar competitividade com viabilidade de custo no controle da praga.
Kelly Ventorim – Sepaf