Bonito (MS) – Está acontecendo até 1º de abril, no Centro de Convenções de Bonito (MS), a segunda edição do Seminário de Apicultura do Cerrado. Entre os temas discutidos estão Agricultura x Abelhas; Boas práticas de fabricação; Abelhas nativas sem ferrão; Apicultura migratória. O evento consolida a organização da cadeia produtiva e destaca, mais uma vez, o protagonismo do Estado na apicultura.
Com o tema “A Apicultura do MS e o papel da IAGRO na sanidade apícola estadual” a fiscal estadual agropecuária do IAGRO, Noirce Lopes da Silva, coordenadora do programa nacional de sanidade apícola no estado falou sobre os cuidados e deveres do apicultor para mantermos as colmeias saudáveis. Dentre as atribuições da Iagro e do apicultor, conforme visto na palestra estão itens como realizar o cadastro de suas colmeias em uma unidade da Iagro; manter esse cadastro atualizado; transitar com as colmeias saudáveis somente após a emissão de Guia de Trânsito Animal (GTA). Com esse controle, é possível prevenir riscos como enfermidades. Adquirir colmeias, cera e rainhas materiais de origem idônea; e um ponto muito importante: ao suspeitar de enfermidades ou alta mortalidade nas colmeias, informe imediatamente à Iagro.
A Iagro tem a missão de proteger a saúde das abelhas de Mato Grosso do Sul. Para isso, conta com a colaboração de todos os apicultores e meliponicultores. Durante o evento foi distribuído um material informativo que é uma reimpressão dos pesquisadores da Bahia, Generosa Sousa Ribeiro e Wilson José Gussoni que gentilmente cederam os direitos autorais para colaborarem com o desenvolvimento do setor.
Mato Grosso do Sul possui a maior produtividade da apicultura nacional. Para se ter uma ideia, a produtividade em MS é de 52,33 quilos de mel/colmeia/ano, segundo informações da FEAMS (Federação de Apicultura e Meliponicultura de Mato Grosso do Sul) e Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal Governo do Estado de Mato Grosso do Sul). A média nacional é de 18 quilos de mel/colmeia/ano, segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“A apicultura era tida como terceira ou quarta atividade nas propriedades rurais, trabalhada apenas nos finais de semana. Hoje, a nossa tendência é ampliar a produção. Conheço apicultores que passaram de 30 para 300 colmeias”, afirma o presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de MS (FEAMS), Gustavo Bijos.
Ele também foi um dos palestrantes da manhã desta quinta-feira (30), na segunda edição do Seminário de Apicultura do Cerrado, que acontece no Centro de Convenções de Bonito (MS).
O pesquisador Vanderlei dos Reis, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), é um dos parceiros da gestão de Bijos. “O primeiro seminário ocorreu em novembro de 2013 em Goiânia. O segundo prioriza a cadeia produtiva e destaca pontos focais onde a apicultura pode se fortalecer ainda mais no Estado”, disse. De acordo com ele, o momento é de buscar a especialização para o setor.
“Mato Grosso do Sul tem potencial para obter outros produtos apícolas como o pólen, a cera e a própolis, além do mel, que, com suas características distintivas da região, obteve a recente conquista da primeira IG (Indicação Geográfica) do Brasil para o Mel do Pantanal”, explicou.
Outra tecnologia que tende a crescer no Estado – e que será abordada no seminário – é a apicultura migratória. Trata-se de uma técnica que transporta as colônias de abelhas africanizadas para lugares com melhores condições de produção naquele momento, o que também se reflete em aumento da produtividade. O transporte é feito de forma segura, em caminhões telados, onde elas permanecem confinadas.
A apicultura migratória é viável para o Mato Grosso do Sul porque o Estado superou o binômio boi/soja. “Hoje temos, por exemplo: eucalipto, girassol, nabo forrageiro, além das floradas nativas (cipó uva, hortelã-do-campo, cambará, etc.) que dão origem a méis bastante diversificados ao longo do ano. Além disso, as abelhas fazem o serviço de polinização, que é muito importante para a agricultura”, aponta Vanderlei. Essa migração pode incluir o próprio Pantanal, onde a grande diversidade de espécies de plantas permite desenvolver a atividade em qualquer época do ano.