Viabilizar as alternativas mais adequadas para o combate da anemia infecciosa equina (AIE) e do mormo em Mato Grosso do Sul foi o objetivo de uma mesa redonda que reuniu representantes da Embrapa Pantanal, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), sistema Famasul e integrantes do projeto de pesquisa “Anemia Infecciosa Equina no Pantanal brasileiro: caracterização do agente, diagnóstico molecular, avaliação de práticas de manejo e modelagem quantitativa” – coordenado pela unidade de pesquisa pantaneira da Embrapa. Nesta semana, em Rio Verde de Mato Grosso (MS), integrantes das instituições discutiram a necessidade de compreender as enfermidades e regular políticas relacionadas a elas no estado.
“Nós abordamos o inquérito soro-epidemiológico realizado em MT pelos colegas Daniel Aguiar, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e Marcelo Barros, do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea). Tendo em vista o que foi feito, pensamos como seria elaborar um mesmo inquérito com foco em anemia infecciosa e mormo aqui no MS”, diz Marcia Furlan, pesquisadora da Embrapa Pantanal e coordenadora do projeto que investiga a AIE no bioma. “O inquérito é uma coleta de amostras de sangue de uma parcela de equídeos no estado todo, feita depois de um planejamento cuidadoso. Como são muitos animais e não podemos fazer a coleta de todos, realizamos uma amostragem para ter uma ideia do quanto as doenças estão presentes em cada parte do estado”, afirma.
O auditor fiscal federal agropecuário do MAPA Antonio Belarmino Junior discorreu sobre a maneira como o controle da anemia infecciosa equina é abordada pela legislação brasileira atualmente. “A não obrigação de se eliminar a fonte de infecção no Pantanal veio de um órgão chamado Comissão de Controle da AIE, que tomou essa decisão com base na diferente epidemiologia da doença e práticas de manejo no ambiente pantaneiro. Como a prevalência estimada nas porções do bioma é bem mais alta se comparada ao restante do estado, a eliminação dos animais positivos tende a não ser tão eficiente quanto no Planalto, por exemplo. Porém, reforçando a importância do inquérito epidemiológico, isso pode ser discutido, dependendo dos resultados obtidos no estudo”.
Procedimentos legais
Marcia Furlan relata como deverá ser iniciado o processo de investigação. “Parte da Iagro uma solicitação ao MAPA para a realização desse inquérito. Normalmente, o MAPA planeja sua aplicação, decide como vai ser feita essa amostragem e repassa as informações para a Iagro. O próximo passo é conseguir os recursos para fazer esse estudo e resolver questões como quem vai fazer os exames, em que locais, com quais laboratórios, quem vai examinar esses dados e elaborar estatísticas”, conta. “A Embrapa se colocou à disposição para apoiar o processo, auxiliando no planejamento, na sua execução, na realização dos exames, na elaboração de políticas públicas. Em tudo o que for possível”.
De acordo com o médico veterinário e diretor executivo da Iagro, Roberto Siqueira Bueno, a investigação da prevalência da doença no estado é justamente o fator que pode influenciar possíveis mudanças na legislação. “É uma doença incurável que maltrata demais o animal. Se o produtor tem um cavalo positivo dentro da propriedade, todo o rebanho pode se contaminar pelo contato com instrumentos que contenham sangue infectado desse animal: tralhas, bridões, freios, esporas, agulhas e seringas compartilhadas. Essa é a nossa preocupação”, diz.
Horacio Tinoco, médico veterinário do Sistema Famasul, ressalta a importância de levar o conhecimento até as fazendas como forma de controlar enfermidades dos animais. “No Pantanal, onde as áreas das propriedades são bastante grandes, há dificuldade tanto de locomoção quanto de se levar informação”, conta. “O homem e a mulher do campo têm que conhecer a importância da sanidade animal e da prevenção. Uma vez que você tem as informações, pode passá-las adiante. Todos podem atuar como multiplicadores”. O produtor rural Richard James, médico veterinário que integra a diretoria do Sindicato Rural do município, completa: “é importante que o produtor esteja próximo às instituições de pesquisa, aos órgãos fiscalizadores, para que todos possam agir em conjunto e combater a doença”.
Nicoli Dichoff (MTb 3252/SC)
Embrapa Pantanal
pantanal.imprensa@embrapa.br
Telefone: +55 (67) 3234-5957