Circulação de um milhão de turistas expõe o País às ameaças fitossanitárias
De acordo com estimativas do Comitê Rio 2016, cerca de um milhão de turistas são esperados para acompanhar as Olimpíadas, entre os dias 5 e 21 de agosto. Involuntariamente, os visitantes oferecem uma grande ameaça à agricultura brasileira. O risco é explicado pelo elevado número de pragas que podem ser introduzidas nas lavouras do País no período. Na China, por exemplo, mais de 50 espécies exóticas foram encontradas após os Jogos Olímpicos de 2008.
Embora o evento tenha como sede o Rio de Janeiro, um estado com pouca tradição agrícola, algumas provas serão realizadas em outras cidades, como Manaus, Salvador, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, fazendo com que muitos desses turistas se desloquem pelo País.
Ameaças
De acordo com um estudo realizado pela consultoria Oxya, ao abrir as portas para turistas de mais de 200 países, o Brasil se expõe a centenas de ameaças fitossanitárias. Os visitantes que mais preocupam são os americanos, que além de serem os mais numerosos, podem trazer até 289 pragas exóticas para o Brasil.
“Temos uma das agriculturas mais modernas e sustentáveis do mundo. O agronegócio tem um papel fundamental na economia e na geração de empregos no país. É preciso tomar todas as medidas possíveis para proteger os cultivos”, afirma Fábio Kagi, gerente de educação e treinamento da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef). “Quase todas as pragas que hoje nos trazem prejuízos bilionários foram introduzidas de outros países. Em épocas de grande tráfego de pessoas, é preciso reforçar ainda mais as ações de educação e vigilância.”
O alerta também foi feito pelo especialista no segmento de defensivos agrícolas e ex-diretor da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daner, durante palestra, realizada na quinta-feira (28), em São Paulo (SP). Liderança do setor, Daher é conselheiro titular do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Cosag) e também da Abag.
Segundo ele, a ameaça de ingresso de pragas agrícolas exóticas é grande no período dos Jogos Olímpicos, devido à quantidade e trânsito de pessoas, entre atletas, técnicos, equipes de apoio [delegações de mais de 200 países], jornalistas, trabalhadores em geral, turistas, entre outros visitantes, que irão ao Rio e a outras cidades que sediarão disputas, e que chegarão ao Brasil por diversos aeroportos e também por via terrestre.
De acordo com Daher, é fundamental que nos postos de controle seja feita forte averiguação se o viajante está trazendo algum alimento e/ou outro produto de origem vegetal e/ou animal na bagagem, que por ventura possa ter algum organismo contaminante, de risco. Outra situação de ameaça, disse, é o próprio ingresso de uma nova praga – um fungo, uma bactéria, por exemplo – que esteja presente no solado de sapatos e/ou tênis do visitante.
Ao acentuar que o tema, de fato, merece atenção, Daher pontuou que no período da Olimpíada de Pequim, em 2008, foram introduzidas 20 novas pragas na China. “O risco é ainda maior no Brasil porque muitas pragas exóticas acabam se adaptando ao nosso clima tropical, o que aumenta a probabilidade desta praga ficar retida em nosso território”, ressaltou. Segundo ele, uma vez que uma nova praga ingressa no Brasil, o controle pode ser muito complicado, já que pode não existir inimigo natural e/ou produto registrado para o combate.
“É preciso realmente que as autoridades tomem muito cuidado. Os jogos são um momento de congraçamento, mas também de risco.”
Países com maior número de pragas exóticas para o Brasil
1- Estados Unidos – 289
2- Itália – 205
3- Índia – 188
4- China – 180
5- França – 180
6- Japão – 175
7- Austrália – 171
8- Canadá – 171
9- Alemanha – 169
10- Reino Unido – 164
Fonte: Datagro