Campo Grande (MS) – O esforço das instituições para proteger o ovino pantaneiro da extinção ganhou um importante reforço a partir do investimento do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através de recursos da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado (Fundect), que alavancou o trabalho do grupo, há um ano.
O encontro entre pesquisadores e entusiastas, comandado pela Câmara Setorial de Ovinocaprinocultura do Estado, que aconteceu na sexta-feira (4) na Secretaria de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf) serviu para que entidades envolvidas no projeto pudessem avaliar o cumprimento das metas, de execução e o cronograma, além de debater o orçamento do projeto, que terá aplicação de recursos na ordem de R$ 213 mil até 2018.
Com a participação do superintendente de registro genealógico da Associação de Criadores de Ovinos (Arco), Edemundo Ferreira Gressler, e dos alunos da Ovinotecnia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), liderados pelo professor e coordenador geral do Projeto Fernando Miranda de Vargas Junior, os pesquisadores da Embrapa Gado de Corte, Fernando Reis e José Alexandre, da Embrapa Pantanal, Sandra Santos e dos professores da Uniderp Marcos Barbosa e Diego Guidolin, colocaram em pauta o orçamento, a prestação de contas e o patrimônio do projeto, finalizando com uma mesa redonda onde foi possível atualizar as ações que cada instituição vem realizando.
Na oportunidade, o professor Fernando Miranda, da UFGD, explicou que tal estudo se justifica visto a grande possibilidade de extinção verificada pelo número reduzido de rebanhos com animais diferenciados, o cruzamento desordenado e absorventes com outras raças, cruzamento entre indivíduos aparentados, ausência de registro genealógico, ou um protocolo ou diretriz de manejo colaborativo e sistemático e a ausência de um reconhecimento oficial como raça de interesse zootécnico. “Hoje a espécie está vulnerável e suas informações são restritas”, disse.
Espera-se com este trabalho, segundo Fernando, fomentar a ovinocultura, formar recursos humanos concomitantes ao fortalecimento e geração de grupos de pesquisa que atuam em rede e a produção de material técnico-científico.
Segundo o pesquisador Fernando Reis, da Embrapa, desde a inauguração do CTO da Uniderp o tema está no radar e ações tem sido realizadas com apoio efetivo do Governo do Estado, e da fundação Manoel de Barros, que começou os trabalhos com a ovelha pantaneira.
Ainda de acordo com ele, os animais foram recolhidos na região do pantanal, trazidos para o CTO, e sob a coordenação do Professor Fernando Miranda e do professor Charles, foram objeto de estudos bastante detalhados. O resultado deste trabalho deu impulso a ideia do registro da ovelha pantaneira, como raça, e a primeira solicitação foi feita a Arco ainda em 2011.
A excelência dos levantamentos técnicos e de caracterização foram reconhecidos a época pela Arco, e segundo Fernando deram base para que o trabalho tivesse consistência para chegar sólido até os dias de hoje e ser tocado com enormes possibilidades de sucesso. Contudo a Arco levantou a necessidade da criação de associação de criadores da raça e o levantamento do rebanho na região do pantanal, para que se possa dar continuidade ao processo.
Para tanto, o grupo aproveitou a oportunidade do encontro, que contou com a presença do Secretário Fernando Mendes Lamas e do Adjunto Jerônimo Alves Chaves para solicitar o apoio do Governo do Estado para a implementação dessas ações, esclarecendo que os recursos já alocados através da Fundect são específicos para a parte do projeto voltada ações técnico cientificas.
Também participaram da reunião, pela Sepaf , Arthur Curado e Orlando Serrou Cammy Filho; pela UFGD, Tamires Marques da Cunha, Patrícia Roseti Lenis, Kiadne Albuquerque Lima, Emanuelle de Mato Pereira, Carolina Marques Costa, Karine Cansian, Julianna Rossati, Luana Liz Ledesma, Allana Novais Aranda, Mirelly Tainá Souza, Isabele Paola, Agda Costa Valério, Marcelo Correa da Silva, e da Arco, Elton Bock Correa e da Unioeste, Maiza Leopoldina Longo.
O projeto
Todo trabalho estratégico do grupo para caracterização racial, genética e conservação do ovino pantaneiro foi traçado através de fluxograma baseado no trabalho de identificação animal, coleta de dados fenótipos, coleta de sangue e pelos, caracterização fenotípica, genotipagem, analises fenotípicas e genéticas, caracterização racial, propostas para homologação da ração e um plano de gestão estratégica em rede tendo como instituições participantes a UFGD, a Uniderp, A UFMS, e as Embrapas Pantanal e Gado de Corte, com apoio da Fundect e CNPq e envolvimento da Associação Sul Matogrossense de criadores de ovinos (Asmaco) e grupo de Ovinotecnia da UFGD.
Envolvendo, além da Sepaf e da Câmara Setorial, também o programa de apoio a núcleos emergentes PRONEN-MS, o projeto já trabalha na criação de um banco de imagens padronizadas de ovinos Pantaneiros, com informação do brinco e do microchip de identificação individual e em ações para subsidiar a caracterização biométrica de ovinos Pantaneiros, que tem como meta mensurar 100% dos animais da UFGD e uma amostragem (50%) dos rebanhos parceiros.
A identificação de crenças e opiniões que possam gerar hipóteses passíveis de serem testadas mediante correlação com dados fenotípicos e genéticos, através de entrevistas com no mínimo 30 pessoas envolvidas com a criação, conservação e promoção de ovinos Pantaneiros e na realização de análises genéticas (biologia molecular) com meta de genotipar 300 animais de 5 rebanhos distintos, além da ampliação da representatividade do banco de DNA, a rastreabilidade de todos os animais que compõe o banco de dados (animais vivos e mortos), através da identificação individual de animais nascidos até 2016/2 em 6 rebanhos distintos para incorporar as informações no Programa PopLink , desenvolvido para controle e manuseio de dados populacionais com informação detalhada do histórico de cada animal e do programa PMx também são ações que se encontram em andamento.
O grupo que encerrou o encontro na Sepaf com a degustação de produtos da Ovinotecnia, da UFGD, deu prosseguimento ao encontro no Centro Tecnológico de Ovinos (CTO) da Uniderp, onde discutiram o projeto, ouviram o posicionamento do Superintendente da Arco, fechando com um bate papo e a apreciação do rebanho de ovinos pantaneiros, que é mantido no local.
Kelly Ventorim, da Assessoria de Comunicação da Sepaf