O Brasil produz 45 mil toneladas de mel por ano e ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de exportadores do produto
Um alimento que adoça a vida e os negócios. O mel é matéria- prima para empreendedores que buscam rentabilidade em um mercado que está em alta no Brasil e no mundo. Com a ajuda natural ( e valiosa) de abelhas, o país produz cerca de 45 mil toneladas do produto que movimenta mais de R$ 405 milhões por ano.Quase metade do que é produzido aqui vai para o exterior: em 2014, o país pulou de 11 º para oitavo maior exportador de mel do mundo – China, Argentina e Vietnã são, nessa ordem, os primeiros colocados no ranking. “O Brasil se destaca no mercado externo em função de a maior parte do mel exportado ser orgânico, o que valoriza bastante nosso produto no exterior”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Mel ( Abemel), Agenor Castagna.
A despeito do volume de produção do país, o consumo interno de mel ainda é tímido. Cada brasileiro consome em média 160 gramas por ano, quantidade bem inferior à observada nos EUA e na Europa, aonde o consumo per capita chega a 1,8 kg anuais. Para Castagna, esse dado mostra que o mercado brasileiro ainda tem muito espaço para crescer e a versatilidade do produto nacional tem chamado cada vez mais a atenção dos consumidores.
O mel é comumente reconhecido no Brasil pelas propriedades terapêuticas e por suas características digestiva, analgésica, anti- inflamatória, antimicrobiana e antisséptica. Nos últimos anos, o produto tem ganhado espaço na mesa dos brasileiros como um alimento saudável e indicado para dietas. Além da culinária, o mel pode ser usado como matéria- prima para a indústria cosmética na fabricação de cremes, máscaras de limpeza e de hidratação.
MERCADO NACIONAL
O apicultor Pedro Del Monte começou a escrever sua história com as abelhas em 1982, quando montou um apiário no sítio de sua propriedade, em Itamonte, Minas Gerais. Hoje responde pela produção de 200 colmeias, que geram 8 toneladas de mel por ano, e tem um entreposto onde processa, envasa e distribui ao mercado o mel de sua produção e de outros fornecedores.
O faturamento do produtor chega a R$ 1,5 milhão por ano e a taxa de retorno gira em torno de 20% desse valor. Além dos negócios que faz no mercado nacional, Pedro está trabalhando para obter as certificações necessárias à exportação de seus produtos. “O mercado externo é atrativo, sem dúvida, mas o Brasil também vem registrando aumento gradual de consumo. A percepção de que o mel é um produto gourmet está cada vez mais forte entre os brasileiros”, informa.
Outro empreendedor que se rendeu a este tipo de negócio é Carlos Pamplona Rehder, sócio da Novo Mel, em São Paulo, que atua como entreposto desde 1992. Hoje processa e envasa 150 toneladas do produto por ano – 30% deste volume vão parar nas prateleiras de mercados estrangeiros e os outros 70% são comercializados no Brasil em potes de 40 gramas a 500 gramas.
A empresa fatura anualmente mais de R$ 3 milhões e o plano é promover o crescimento da receita nos próximos 10 anos a partir do aumento do volume exportado. Para isso, Carlos investiu na construção de uma nova fábrica, localizada em Cotia ( SP). O apicultor Alencar Cunha Dias tem enxames distribuídos em sítios na região Centro- Oeste de Minas Gerais: são 8 mil colmeias que no ano passado responderam pela produção de 140 toneladas de mel e abasteceram entrepostos de todo o Brasil. O apicultor também investe na produção de própolis, cujo volume vendido atinge 14 toneladas por ano, em média. O faturamento anual de Alencar gira em torno de R$ 3 milhões. “É um mercado que oferece muitas oportunidades, tanto no Brasil quanto no exterior”, avalia.
Quem tiver interesse em experimentar o doce resultado dos negócios com mel deve dispor de cerca de R$ 50 mil de investimento inicial para montar 200 colmeias, segundo cálculos do Sebrae. O valor inclui gastos com colmeias, equipamentos de segurança, centrífuga, decantador e estrutura do apiário, além do material para envase, estoque, transporte e capital de giro.
EUA: DESTINO PRINCIPAL
Considerado o melhor ano da história da apicultura no Brasil, 2014 bateu recordes em exportações do produto: 25,3 mil toneladas, que geraram um faturamento de R$ 392 milhões. No ano passado houve uma leve baixa, principalmente em função das condições climáticas desfavoráveis entre setembro e dezembro. Ainda assim, as exportações mantiveram- se em alta: foram 22,2 mil toneladas e receita de R$ 324 milhões, segundo a Abemel. As exportações para os Estados Unidos representam 75% do total. Dois estados se destacam neste quesito: Ceará e São Paulo, com 60,71%. O volume exportado para países europeus representam 20% do total destinado ao mercado externo. Outros 5% da produção vão para Ásia e Oriente Médio.