No final de agosto, Embrapa lançou o aplicativo “Balde Cheio – Roda da Reprodução”, que auxilia na gestão reprodutiva de rebanhos. Foto: Gisele Rosso/Divulgação
Monitorar animais, gerenciar o rebanho, avaliar a produção individual do gado e, como consequência, a qualidade do produto final, entre outras atividades. Tudo isso cabe na palma da mão, graças à onda de aplicativos em smartphones e tablets, que vêm invadindo a agropecuária, com destaque para as fazendas produtoras de leite.
Diretor da Sociedade Nacional de Agricultura e representante da SNA na Câmara Setorial da Cadeia do Leite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alberto Figueiredo que os apps em smartphones e celulares, além das plataformas on-line, chegaram para agregar valor ao trabalho de controle das fazendas.
“Em uma fazenda produtora de leite, alterando, por exemplo, o número de vacas em produção, no que diz respeito ao número total de fêmeas, mantendo inalterados todos os demais índices zootécnicos, os resultados financeiros podem mudar de positivos para negativos, e vice-versa”, relata o diretor da SNA.
“Quando consideramos que existem, pelo menos, uns 20 índices que indicam os resultados das propriedades leiteiras, e que esses dados são calculados com base na combinação de números diversos, chegamos facilmente à constatação de que os programas informatizados e os aplicativos para smartphones e tablets, voltados para o processo de gerenciamento da atividade produtiva, são extremamente importantes”, avalia.
Também pecuarista de leite, na gestão de sua propriedade, em Resende (RJ), Figueiredo utiliza o programa E-Milka – Gestão Estratégica de Fazendas de Leite, gerenciado pela empresa de consultoria em agronegócio Agrif Soluções Estratégias, com sede no Rio de Janeiro.
![Diretor da SNA, Alberto Figueiredo acredita que os apps chegaram para agregar no trabalho de controle das propriedades rurais. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA](http://sna.agr.br/wp-content/uploads/Alberto-Figueiredo21-640x434.jpg)
Diretor da SNA, Alberto Figueiredo garante que os apps chegaram para agregar valor ao trabalho de controle das propriedades rurais. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA
EFICIÊNCIA
“O mercado de leite tem um potencial de crescimento proporcionado pelo ganho de eficiência. O motor para esse processo é a gestão estratégica da fazenda como um negócio rentável”, comenta Rogério Werneck, sócio-proprietário da Agrif .
Com formação acadêmica em engenharia industrial, estatística, finanças e sistemas de TI, ele é o idealizador do primeiro sistema de análise de fundos de investimentos on-line do país, o Frontier Funds, criado em 1996 e vendido mais tarde, em 2011, para a empresa Mercatto Gestão de Recursos, no Rio.
Werneck reforça que a produção leiteira, no campo, possui incontáveis indicadores a serem administrados, que devem ser levados em conta na tomada de decisão do produtor, a cada tempo específico.
“Os softwares restritos à fazenda possuem manutenção cara e atendem a um mercado limitado de grandes produtores. A internet ainda não está acessível a uma parcela significativa das fazendas, contudo, não há produtor que não a acesse em algum momento, de algum lugar, pelo PC ou celular”, comenta o executivo.
Segundo Werneck, “os aplicativos móveis ou sistemas via internet oferecem, ao nosso mercado, uma experiência de amadurecimento na gestão do negócio”. “São iniciativas que vêm para somar e ficar. O programa Ideas for Milk, da Embrapa, por exemplo, demonstra a qualidade das startups (chamadas de agtechs e agrotechs), que estão nascendo nas grandes universidades do país, voltadas ao agronegócio. Que elas sejam bem vindas com toda a sua tecnologia.”
SELO DE QUALIDADE
Para as empresas, que disponibilizam aplicativos e plataformas on-line para o agro, tenham mais credibilidade no mercado de modo geral, mas principalmente junto aos produtores, o diretor da SNA Alberto Figueiredo sugere a criação de um selo de qualidade da Embrapa para esses programas, nos mesmos moldes do selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que atesta a qualidade dos produtos analisados e validados pelo órgão.
“Todos os programas podem ser alimentados em modo off-line, o que diminui as dificuldades relativas à ausência quase generalizada de sinal de internet, no meio rural brasileiro, apesar de ter sido criado o Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) com esse objetivo, além de outros”, comenta o diretor da SNA. Baseado em sua experiência, diante da dificuldade para se adaptar aos programas existentes no mercado, ele admite que teve de desenvolver planilhas de controle, com a ajuda de uma empresa especializada.
“O grande problema que vemos, para a implantação de qualquer sistema informatizado, é o de alimentar qualquer um destes programas, com dados confiáveis da fazenda, uma vez que qualquer informação errada produz resultados distorcidos. Diante disso, o serviço de extensão rural tem fundamental importância neste processo de capacitação e apoio aos produtores”, ressalta Figueiredo.
SUGESTÕES
Um dos programas mais conhecidos do país, o Balde Cheio ganhou, no final de agosto passado, o aplicativo Roda da Reprodução, ferramenta que reproduz, em meio digital, o quadro físico empregado no campo, para acompanhar o ciclo de reprodução do rebanho, desde o momento da cobertura ou inseminação artificial da vaca até o parto. Leia notícia completa em sna.agr.br/?p=36468.
Com o objetivo de auxiliar a pecuária de modo geral, ainda existem inúmeras plataformas virtuais (muitas delas gratuitas), tais como: 4milk, Boi Saúde, BovControl, Brabov, DairyCents, JetBov, Midatest, Painel da Qualidade de Leite, PocketDairy, Portal Vertical, Rebanho Leiteiro, Suplementa Certo, entre outros apps. Tanto a funcionalidade quanto a aplicabilidade e os resultados desses serviços on-line devem ser garantidos pelas próprias empresas privadas ou instituições públicas, portanto, a SNA não se responsabiliza por tais informações.
Por equipe SNA/RJ