Terceira live da campanha Agro Cooperação abordou dicas e cuidados desde as vantagens da regulamentação até aspectos a serem observados ao se planejar e gerir as criações de abelhas
A importância de os apicultores cadastrarem seus apiários junto à Agência Estadual de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) e contarem com os serviços do órgão. Além de uma série de dicas sobre cuidados no manejo das colmeias e até na gestão da apicultura. Assim foi a terceira live da campanha Agro Cooperação – uma consciência, inúmeros benefícios, transmitida nesta quarta-feira (3) pelo canal Fonteagro no YouTube (veja o link abaixo). O bate-papo desta vez foi com a veterinária e fiscal agropecuária, Noirce Lopes da Silva, que também coordena o Programa Nacional de Saúde das Abelhas na Iagro, e com o doutor em Zootecnia Heber Luiz Pereira – que se dedica desde 2007 a pesquisas em apicultura e atua desde 2014 junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) do Mato Grosso do Sul.
A mediação foi do especialista em Uso Correto e Seguro do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Daniel Espanholeto. Os palestrantes também esclareceram dúvidas dos internautas e disponibilizou uma série de links para serviços e informações complementares estão disponíveis no canal do YouTubedo FonteAgro (Confira clicando AQUI). A lista inclui um artigo de Heber Pereira sobre manejo apícola no entorno de áreas agrícolas.
Coordenada pela Iagro, a campanha é uma iniciativa da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Mato Grosso do Sul (Semagro), com apoio do Sindiveg, do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) e da Associação dos Engenheiros Agrônomos de MS (Aeams). Seu objetivo é reforçar a sustentabilidade ambiental pela educação sanitária e difusão de boas práticas na aplicação de agrotóxicos.
IMPORTÂNCIA DA FORMALIZAÇÃO
Noirce explicou que a apicultura no Estado ainda é relativamente pequena (no máximo cerca de 1,3 mil produtores). Porém, com a possibilidade de o produtor de mel formalizar sua atividade desde o início, fazendo uma inscrição sanitária ou sua inscrição estadual. A partir daí, contando com a validação do órgão e uma série de serviços. “O apicultor também é um produtor rural e tem que se sentir assim. Tanto quanto os demais”, ressaltou a representante da Iagro. O apoio do órgão abrange informações tanto para cuidados sanitários quanto para a própria gestão dos apiários. “Não se trata apenas de saber onde estão as colmeias, mas pode, por exemplo, ajudar nos estudos sobre pasto apícola ou até alertá-lo em relação a alguma questão sanitária na área à qual ele pretende migrar”, exemplificou Noirce.
A ideia da Agência é também cruzar informações cruzar as informações dos produtores rurais (agricultores e apicultores), com a possibilidade de avisar ambos sobre a presença um dos outros, orientando sobre produtos usados nas lavouras, calendários e manejo de colmeias e plantações – inclusive com avisos de aplicações. Além disso, a própria Câmara Setorial Consultiva da Apicultura do Estado (dentro da Semagro) acaba de fechar a proposta de um plano de fortalecimento de sua cadeia produtiva.
“Aí o produtor poderá avaliar se vale a pena migrar as colmeias, quantos apicultores já existem em tal região e outras informações que são preciosas para seu planejamento.” Uma das principais interlocutoras com o setor apícola no Estado, Noirce ainda arrematou: “O apicultor tem paixão por suas abelhas. Elas merecem esse zelo e ninguém quer levá-las para uma exposição ao perigo.”
ADMINISTRANDO APIÁRIOS
Falando diretamente do Paraná, mas com uma forte ligação com o setor apícola sul-mato-grossense – onde conduziu pesquisas, treinamentos e ainda atua junto ao Senar, Heber Pereira abordou vários aspectos que muitas vezes passam despercebidos por quem resolve ingressar na apicultura. Mas que fazem toda a diferença tanto na saúde das abelhas quanto na própria viabilidade econômica da atividade. Como quanto aos cuidados que o apicultor precisa ter quando leva suas abelhas para um trabalho de polinização ou quando tem as colmeias apenas para produção de mel e outros subprodutos (cera, própolis etc.). Reforçando a importância dos apicultores se profissionalizarem.
O zootecnista apontou, por exemplo, diferenças entre montar apiários fixos ou móveis. “O cuidado maior é com o apiário fixo, embora seja a preferência”, explicou, lembrando que nesse tipo de apiário é comum não se criar uma relação com os agricultores do entorno, prejudicando também a comunicação. Citando experiência própria, ele destacou que, nesse caso, muitas vezes, o apicultor não sabe direito nem que florada há na região. Considerando também que, em regiões de pequenas propriedades, o raio de voo das abelhas pode abranger diversas culturas. “Certa vez, uma área próxima à minha foi arrendada para uma lavoura de mandioca, que foi visitada por minhas abelhas, que acabaram produzindo um mel amargo.”
O especialista enfatizou a importância de se observar a nutrição dos polinizadores (com suplementação no caso de pouca florada), além da necessidade de disponibilidade e água. “A abelha com muita fome acaba indo em alguma coisa que não é legal.” Heber Pereira bateu ainda na tecla da frequência de visitação, lembrando a necessidade de se planejar o custo de deslocamento até as colmeias. “É importante se fazer presente no mínimo a cada 15 dias, para se detectar algum problema (de rainha que precisa ser trocada, carência na alimentação e outros) a tempo de se corrigi-lo.”
Já quanto à distância, ele lembrou que muitas vezes o custo de um da viagem de quinzenal acaba sendo mais caro do que a produção de mel, quando são poucas caixas. “É preciso considerar: no auge, a florada sustenta grande quantidade de colônias, mas na entressafra, pode-se ter um gasto a mais com alimentação.” Ou seja, manejo abrange também planejamento administrativo e financeiro.
Créditos: Castor Becker Júnior – Assessor de imprensa – SINDAG